sexta-feira, 16 de novembro de 2018

Pedi e obtereis

Resultado de imagem para as aparências enganam




Vocês já sabem que enfrento um novo desafio em minha vida: ressuscitar a clínica que há em mim.
E a cada dia em que visto este papel aprendo mais e mais ... mais e mais...
Há um ritual. Antes de abrir esta portinha, eu me conecto a todos os Mestres e Orientadores. Relembro a mim mesma que trabalho em equipe. E desejo me tornar um canal. Que minhas ações sejam aquilo  que for necessário e benéfico a quem passar por meu caminho. E sigo em frente.
Aí, acontece uma coisa como ontem hehehe.
Mais um paciente grave, que me exige a recordação de uma série de procedimentos.  Um deles, o acesso central, eu acreditei que poderia “segurar” e deixar para o colega da UTI seguir com os protocolos.
Quando fui passar o caso para ele, foi deixado bem claro que não.  Eu que teria que fazer isso antes do paciente ser levado para lá. Eu tentei explicar que estava insegura, que há 6 anos que não fazia um procedimento deste. Após algumas considerações da parte dele sobre a faculdade onde me formei, escutei  dele “Honre esse jaleco que você está vestindo”.Concordei com ele, e sai desejando em voz alta que passar acesso fosse como andar de bicicleta.
Confesso para vocês, que ao ouvir o julgamento dele, meu primeiro impulso foi o de correr para algum canto e chorar. Mas uma outra parte minha assumiu a situação, me deu um beliscão e ordenou “engole isso ai menina”. Respirei fundo, e lembrei que estou o tempo todo trabalhando em equipe. E que se surgiu este caso no meu caminho é porque eu dava conta sim.
Preparei tudo, me paramentei, e a colega do plantão estava por perto caso eu precisasse de ajuda.  Quando de repente...
De repente o colega da UTI entrou na sala. E disse que veio ver se “eu ia lembrar de como se andava de bicicleta”. Nessa hora,eu pensei furiosa : “Sério Jesus? Sério? Vai ser com requintes de crueldade??”. Mas daí eu lembrei mais uma vez dos ancoramentos que estou fazendo antes de trabalhar e confiei. Me entreguei ao momento, dando o melhor de mim.
E sabe qual foi a surpresa? O colega me deu várias dicas que não estão nos livros. Me recordou pequenos macetes que estavam enterrados na minha memória. E tudo deu certo. Eu consegui.
Quando tudo acabou senti vontade de dar pulinhos de alegria e alívio na sala.
Tanta coisa para refletir...
Você pediu pão? Intencionou dar o seu melhor? Então se a ajuda vier vestida de chifres com um tridente na mão, não entre em desespero. Se você pediu pão, você não receberá pedra. Confie.
E eu cada vez mais reconheço a necessidade de não julgar. Cada um dá o seu melhor. Às vezes isso é tudo, às vezes é nada. E passo a admirar cada vez mais os colegas que fazem a medicina “raiz”, pois em condições adversas eles são os instrumentos de auxilio para uma população desassistida em tantos setores.
E isso me lembra de que é verdade... meu pai mais uma vez tinha razão. Meus conhecimentos médicos, mesmo que limitados, existem por uma razão. Escondê-los, não utilizá-los, é como enterrar os talentos da parábola do nosso querido Mestre do Amor.
Eu preciso deixar disponível o que possuo, mesmo que seja pouco. Humildade. Posso ser útil de alguma forma. E se o desejo de minha alma é servir, bem ... há muito o que se fazer por aí. E há muito o que aprender ... todos os dias.

Gratidão equipe amada que me acompanha na minha jornada em espiral. Às vezes eu mordo a mão que vocês me estendem kkkkkk... e vocês não me abandonam nem desistem de mim. Gratidão, gratidão, gratidão.

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