Há muitos
anos, enquanto eu lia um romance espirita, surgiu uma questão que minha mente
ruminou por anos a fio. Será mesmo possível termos livre-arbítrio e justiça ao
mesmo tempo?
Incomodava-me
pensar que eu ainda estava laaaaá longe nos degraus da famigerada escala
evolutiva espiritual, enquanto outros já estavam acima. Na época isso era
importante pra mim (“risos amorosos” – plágio assumido de irmãos muito queridos
1). Então surgiu o dilema.
Em algum
momento, duas Almas criadas ao mesmo tempo tomaram decisões diferentes. Estavam
as duas, simbolicamente, dentro da mesma caverna. E, em algum momento, uma
delas resolveu sair. Mas na saída da caverna havia uma criatura assustadora. A
Alma que se atreveu a sair passou por uma experiência algo traumática, talvez
tenha até cometido seu primeiro ato de violência. E com esse registro cruel
seguiu a vida exercendo o seu “livre-arbítrio”, fazendo suas escolhas e
executando as suas ações. E a Alma que ficou na caverna? Essa, na minha
juventude, era a Alma que tinha evoluído mais rápido. Ela conseguiu continuar pueril
e dócil.
Eu, claro, me
identificava com a Alma atrevida. Como poderia ser justo, que uma escolha
inicial “errada” gerasse um padrão de escolhas sucessivas ruins, uma semeadura
ruim que reverberasse por tanto tempo?
Será que não
havia nada distinto no ambiente emocional dessas duas Almas que fundamentasse
as escolhas divergentes? Era impossível não pensar que talvez a Alma que havia
saído da caverna não tivesse nenhum laço de afeto lá dentro. Enquanto a que
ficou tivesse uma mãe carinhosa e disponível.
As duas tiveram destinos diferentes porque suas escolhas foram
diferentes. E será mesmo que o meio não gerou nenhuma tendência? Será que eu
não poderia ter escrito uma história mais curta, se lá trás em algum momento,
eu não tivesse virado à direita em vez de virar à esquerda?
Isso era eu
tentando encontrar uma justificativa para o fato do personagem do romance que eu lia estar em uma reunião com Jesus, enquanto eu estava encarnada com
14 anos no Planeta Terra cheia de carma para cuidar.
Muitos anos
depois eu consegui fazer uma releitura desse dilema.
Será mesmo
que evoluiu mais rápido a Alma que ficou na caverna? Quando nos expomos, quando
vivemos , quando experimentamos, nosso Ser se torna mais rico de informações.
Através da experiência nasce a sabedoria.
Depois de ter
aprendido Física Quântica com o Hélio Couto2, pude analisar por
outra perspectiva essa questão. Dois fragmentos divinos, duas Almas, escolhem
esquecer momentaneamente a fonte de infinito Amor da qual fazem parte para
obterem novas experiências. Era preciso esquecer, para que as escolhas fossem
feitas de modo literalmente cego. E então essas Almas mergulham na densidade. E
sim... muitas das decisões que tomaram foram induzidas pelo meio em que viviam,
pois elas adquiriram crenças, dogmas, e paradigmas que as influenciaram de modo
peculiar. E está tudo certo.
Está tudo
certo. Não importa que um de nós tenha feito todas as escolhas “erradas”.
Muitas experiências ímpares foram obtidas, muita informação foi gerada. Está
tudo certo: todos percorremos caminhos únicos, por tempos diferentes. Todos
levaremos nossa contribuição. Infinitas possibilidades... e por que não todas
serem contempladas?
Mas a questão
da influência do meio nas nossas escolhas ainda ameaçava o conceito que eu
tinha de livre-arbítrio. E isso só foi
revisto recentemente.
A cada
experiência em que mergulhamos, vestimos crenças e dogmas locais. E alguns
trazemos enraizados de existências anteriores. Só conseguiremos tomar decisões
na nossa vida, de modo verdadeiramente consciente e livre, quando conseguirmos
identificar as crenças limitantes que nos envolvem.
Só quando
soubermos quem Somos, o que realmente queremos, poderemos escolher com nosso
livre-arbítrio. Isso é um ponto interessante que o filme Matrix ressaltou: as
pessoas só sobreviviam no mundo ilusório de Ma(ya)trix porque
acreditavam que tinham uma escolha, o que não era real.
Então divido
com vocês o momento atual da minha vida. Essa busca por quem Eu Sou. Esse
mergulho interior. E uma ferramenta que estou aprendendo a usar para acessar
isso é a Meditação. Precisamos nos reconectar com a nossa própria Verdade.
Deitados ou
sentados, respiramos profundamente algumas vezes. E INTENCIONAMOS.
Intencionamos a reconexão com nosso Eu Superior. E por alguns minutos vivemos
essa imersão. Podemos levar nossos dilemas para nossa meditação, INTENCIONANDO descobrir o nosso real querer.
E aqui explico
meus risos amorosos do primeiro parágrafo. Já não me preocupo se sou uma das
últimas, ou fui uma das primeiras em toda essa história. Se partimos do mesmo
Todo amoroso, se carregamos dentro de nós a completude adormecida, então está
tudo bem. Não há julgamentos. Há amor incondicional, há aceitação, há a verdade
inexorável de que todos somos parte, de que todos somos Um.
Avante
queridos! Despertemos para quem Somos de verdade, voltemos para casa!
Com amor,