Os últimos
três meses foram muito intensos na minha vida. E toda a dificuldade esteve dentro
de mim. Se me perguntarem “mas o que aconteceu??!”. Não saberei responder...
não “aconteceu” nada.
E talvez
isso, "o Nada”, tenha sido o suficiente para deflagrar tantos conflitos
interiores.
Não vou
dizer que venci todos, mas sei que houve conquistas. E uma ferramenta que fez
diferença nos dias mais frios foi escrever.
Hoje
quando pego o caderninho que acolheu minhas palavras me sinto feliz. Amo ler o
que nasceu ali, pois há um bálsamo que serve para qualquer momento. Era eu
comigo mesma.
E já que a
grande Busca é, na verdade, um reencontro com você mesmo, acredito que fiz meus
progressos.
Divido com
vocês a nota que escrevi dia 17/12/17. Meu abraço quentinho em mim mesma:
“Minha
história é longa. Pelo céu observo estrelas e pedaços do meu caminho.
Sou muito
mais do que estou.
E estou
pronta para me ajudar.
Querida
criança dentro de mim. No meu colo, apertada entre meus braços, eu te
recebo.Nunca esteve sozinha. Sinta todo meu amor que transborda por você. Se
acalme. Tudo está certo.Há um plano. Sempre houve. Você pode ser a ave que
plana no céu, entregue à própria vida. Eu estou aqui. Nós estamos.
Sinta
nossa presença em seu coração.
Respire.Sorria.
E abra seus olhos.
Nós te
honramos e te amamos infinitamente.”
Noto
nessas linhas o plural e o singular. Eles se misturam. E não consigo não
associar isso com uma experiência que tive há poucos dias.
Eu estava
inquieta. Havia um problema quase a ser resolvido, e eu não poderia fazer mais nada a respeito. Pedi para minha irmã usar em mim a técnica que uso nos meus pacientes. E
lá fui eu.
Ela me
levou para uma sala cheia de livros. Enquanto eu os admirava, ela me
pediu pra pegar um pergaminho na estante. Lembro de ter ficado brava e pensado “por
que o pergaminho?! Por que não pegar um dos livros?!” Mas lá fui eu achar o tal
do pergaminho. Ele estava na prateleira próxima ao chão “jogado” num cantinho.
Leia o
pergaminho, ela me disse. E quando me imaginei desenrolando aquele pedaço de
papel antigo, a cena pulou nos meus olhos fechados.
Vi um
jacaré prestes a agarrar seu almoço. Ele pulou do meio de um lago, abriu sua
enorme boca e não conseguiu pegar o que queria. Ele sentiu uma frustração
enorme. E quando notou minha presença se escondeu. Minha irmã pediu que eu
fosse dizendo o que acontecia, e logo me mandou de volta para a biblioteca. Mas eu quis voltar para o jacaré e ela me permitiu.
Eu sentia
que eu era o jacaré. Ele estava com medo. Mas eu era também a presença
luminosa no lago. Eu queria ajudar o jacaré. Então, a Luz começou a falar para o Jacaré: “não tenha medo, eu vou cuidar de você, nós vamos
cuidar de você”. E um choro profundo se seguiu a tudo isso. Um choro real. Houve uma cura nessa dia.
Singular e
Plural novamente. Entrega e confiança.
Será que o
poeta tinha razão? Não é da nossa sombra que temos medo. Temos medo da nossa
própria luz.