Olhar para o paciente
e não ter certeza do melhor remédio pra ele. Puxar pela memória os consensos,
os trabalhos que indicaram e depois contra-indicaram. Seguir o livro e não
obter os resultados.
Eu fugi da experiência.
Da oportunidade de ter meu próprio conjunto de erros e acertos que me norteasse
mais do que os estudos baseados numa população que não é a minha.
Eu acredito
na individuação. E talvez essa tenha sido a fonte dos meus sofrimentos com a
minha profissão. Porque eu me colocava numa posição muito cartesiana. Então eu me obrigava a fazer o
que era o aceito, julgava sem dó os colegas mais experientes que “faziam
protocolos da cabeça deles”. E na verdade, era um Eu meu que não aceitava as
receitas de bolo, e era posto por mim na minha Sombra (que eu projetava com raiva em alguns colegas).
E desde que
eu mudei de cidade eu tive que olhar para essa Médica Convencional que eu havia
enterrado dentro de mim. E foi tão doloroso. Imensamente. Quando eu abri a
porta dela, veio tanta raiva ...
Eu sempre
amei estudar, passei minha infância e adolescência dedicada a um objetivo. E eu
consegui. Passei na Fuvest em Medicina. E essa criança, ficou perdida em algum
lugar da minha história profissional. Enterrada junto com a Clínica.
Tranquei
porque não aguentava sentir frustração. Tentar, tentar e não conseguir. Não
conseguir curar.
Um dia na
aula de psicologia médica da graduação, eu me opus veementemente à Professora,
dizendo que o medico não queria curar, ele queria era combater o sofrimento
humano. Mentira. O médico quer curar. E uma consequência da cura é a melhora do
sofrimento. O médico quer resultado. Eu era uma médica que queria resultado, e
por isso era frustrada. Era muito
imatura para olhar para isso ainda.
E agora
liberando essa parte, achei a criança. Aquela que amava estudar, que sentia
prazer em fazer provas, em explicar o que aprendia. Achei a criança que hoje senta aqui comigo para estudar e relembrar anos de clínica deixados para trás. E
junto sinto uma força imensa.
Quantas
crianças será que temos que acolher em nós? Quantas partes nossas perdemos ou
trancamos ao longo do caminho?
Não sei ...
com certeza será um trabalho para a vida inteira.
Pronto
Universo ... por um ano você me deu várias razões para eu olhar para a Clínica.
Uma delas foi até engraçada: quando eu disse a primeira vez que eu voltaria a
dar plantão de Clínica, um corretor ligou logo em seguida pra mim dizendo que
havia interessados na compra do meu apartamento. E ele foi vendido nessa
ocasião. Mas depois eu sempre dava um jeitinho e corria da ideia do exercício
da Clínica Médica.
Agora não
mais. E até esse texto é um compromisso redigido e firmado entre todas as minhas partes.
E o ONDE não pertence a mim (né Universo?),
e tudo bem, nem o quando (embora um pouco a contragosto rsrsrs).
Estou disponível
aos novos desafios. Que surpresa hein Universo? Buscando a Espiritualidade eu descubro
a necessidade de me reconciliar com a Matéria. Buscando minha realização
profissional, eu encaro a necessidade de viver novamente a Medicina da Matéria.
Talvez lá na
frente eu encontre o Caminho do Meio ... o equilíbrio. No momento vou
fortalecer a parte enfraquecida que agora trago junto a mim novamente. De volta
aos estudos e com prazer.
E salve nossa
Criança Interior! Salve!!!
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