domingo, 28 de janeiro de 2024

O jardim da vida

Ciranda de Frases: Cirandando Com as Palavras...








“Dora era uma Galotopeia. Um inseto raro, cujo trabalho no jardim era de suma importância. Ela picava todas as folhinhas que caíam na sua região, preparava em pequenos pedacinhos para que todo o sistema pudesse dar andamento ao seu maquinário. Todos os moradores do jardim eram gratos à Dora.

Passava horas do seu dia de um lado para o outro. Pica daqui, junta dali, distribui para lá.

Era seu dever também orientar. Algumas vezes os insetos brigavam por folhinhas, goles de água ou espaço na sombra. Dora era quem recordava a cada um deles o tamanho do jardim em que habitavam. Havia abundância ... precisavam erguer os olhos, e em seguida fechá-los para sentir a imensidão e a Verdade.

Embora se sentisse satisfeita com seu trabalho, às vezes Dora se sentia sozinha. Nesses momentos ela lembrava do que ela mesma recordava a seus amigos. Abria bem os olhos e em seguida fechava-os.

Num desses dias difíceis, Dora tomou um susto. Ela se deparou com um ser novo ali no seu próprio jardim.

Gael era uma Galotopeia também. Nunca tinha visto alguém como ela antes.

A primeira vez que ela olhou de verdade para os olhos dele, ela sentiu. Tudo o que ela pensasse, ele saberia. Tudo o que ela sentisse, ele também sentiria. Existia uma possibilidade de conexão que ela nunca imaginou antes.

Gael e Dora trocaram muitas experiências e conhecimentos. Gael ensinava sobre outros jardins, sobre a riqueza da vida lá fora, mas principalmente sobre a maravilha da vida aqui dentro do peito.

Dora pôde sentir seu coração como uma verdadeira fábrica de energia. Ela sempre havia dito aos amigos do jardim como o Amor era a chave de todos os desafios. Mas pela primeira vez ela sentiu a energia plena Dele fluir por cada pedacinho do seu próprio corpo.

Nos momentos em que ela teve que retornar aos seus afazeres e se separar de Gael, Dora executou cada tarefa com encanto e alegria. Um combustível novo percorria todo o seu ser. Ela se sentia preenchida e ainda sim conectada a ele.

Pouco tempo depois, Dora ouviu o que suspeitou desde o começo. Gael precisava retornar ao jardim de onde vinha. Ele também tinha seus deveres por lá. Dora pensou em deixar o seu próprio e seguir junto dele.

Porém, ela não esperava ouvir dele outra coisa. Era o condizente. Gael vivia o Amor. Ele nunca deixaria que ela abandonasse os que dependiam dela. Ela era a forma de tantos outros aprenderem a amar. Ele sabia que, se ela fizesse isso, não mais conseguiria seguir na sintonia do que ela tinha acabado de descobrir.

E então, Dora deixou que ele partisse. E no segundo seguinte, sentiu que o Amor permaneceu com ela. Sempre seria grata a Gael por ter despertado nela esse poder. E movida por toda essa energia maravilhosa continuou com seu dever no jardim. Sentia seu peito bombeando alegria, acolhimento e cuidado para com todos ao seu redor. Nunca esteve sozinha. E as plantas, presenteando a transformação dela, espargiram longe seu doce perfume.”


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