Malévola é a personagem de um filme que
vira e mexe dialoga comigo. Sim... vamos ser mais claros. Minha Malévola
interna vira e mexe conversa comigo.
Ela é a parte que tinha tudo para ter
tido um final feliz. Tinha inocência e bom coração. Mas o meio do caminho foi
um pouco amargo. E ela não soube lidar muito bem com isso...
Ainda não sei em detalhes a história
dela.
Sinto apenas que ela se sentiu profundamente
ferida. E a dor que sentiu envenenou sua mente. Logo, ela mesma virou o veneno
de muitos.
Sempre que me sinto ferida escuto a voz
dela dentro de mim. Nessa hora sinto até suas garras. Como se
estivesse envolvida em uma jaula cheia de pontas afiadas, ela se isolou. E vê
todos como potenciais inimigos.
Ela vocifera. E sinto ate meus dentes
sendo expostos. Pronta para o ataque – na verdade sua defesa.
Ignorar sua presença em mim lhe daria
mais poder. Aceita-la e acolhê-la a tornam mais uma voz que tem seu direito em
ser ouvida.
Então escuto, para em seguida
discernir.
Tenho sempre uma escolha.
Posso interpretar as ações que chegam
até mim como um ataque, o que gera o impulso de me defender. Ou posso
significar o que acontece ao meu redor como oportunidades de aprender mais
sobre mim mesma.
Um exemplo?
Um dos meus filhos se queixa tristinho
comigo, de ter ouvido um comentário de suas professoras sobre a dificuldade que
teve com um exercício.
Nessa hora Malévola
vociferou. Me senti enorme, com os olhos queimando e meus dentes
expostos. Já imaginava com quais pessoas eu iria conversar. Quais palavras
sutilmente ácidas e dolorosas eu iria usar nesses diálogos. Já imaginava todo
mundo que me escutava chorando.
Então... respirei.
E me permiti ouvir outras vozes.
Confesso que a voz que ouvi foi então a
da minha irmã. Minha irmã caçula que carrega uma sabedoria milenar em seu
coração.
Ela me disse: e se seu foco mudar para
o modo como seu filho recebeu uma observação a respeito dele? Então
dissertou sobre preparamos nossos filhos para o prazer do desafio e não para a
conquista de resultados. Permitirmos que nossas crianças ousem sem temer o
fracasso, ousem sem ter receio de frustrar expectativas.
Depois do nosso encontro, outras vozes
seguiram dentro de mim deliberando sobre as sementes que ela havia plantado.
Por fim escolhi.
Escolhi acreditar que não era a
intenção da professora agredir a autoestima do meu filho. Escolhi olhar para
como estou preparando ele para seus desafios pessoais.
E pude sentir, enfim, gratidão pela
professora. Gratidão, por ainda em tenra idade, ter me mostrado brechas na
educação emocional do meu amado filhinho.
Malévola continua aqui. Teve sua vez
para se expressar, e ouviu atenta todas as outras vozes. Está pensativa agora.
O desfecho de certa forma a surpreende.
Um dia, um dia Amada Malévola. Um dia a
dor de seu coração será curada. Um dia você confiará de novo nas pessoas. Um
dia você voltará a amar. Tudo no seu tempo. Até lá estarei ao seu lado. Sempre
juntas: eu, você, e todas as outras partes.
Juntas somos Um.
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